Prós e Contras

Inevitávelmente vi o programa da RTP1, "Prós e Contra", ontem à noite e sem que tenha aprendido muito sobre o caso Mateus achei proveitoso o facto de perceber que os próprios intervenientes do nosso futebol não jogado também não sabem muito bem quem é quem nesta história e afinal parece que existe cumulação de competências em algumas áreas e omissões em outras.

Por partes:
O Major esteve igual a si próprio, fala, fala mas não diz nada. Vitimiza-se e assume responsabilidades porque "é o Presidente da Liga" mas logo a seguir imputa essas mesmas responsabilidades à sua cadeia de comando o que em bom rigor só quer dizer uma coisa: ele, Major, é um péssimo lider por não controlar o que se passa na entidade que dirige.

O Dr. Laurentino Dias, Secretário de Estado, até diz umas coisas certas mas é lastimável a facilidade com que se curva aos poderes do futebol. É a imagem da submissão do poder politico.

José Luis Arnaut é um teórico que apresenta propostas pouco inteligêntes e completamente desfazadas das realidades concretas. Custa a crêr que este senhor chegou onde chegou.

Nelson Soares, advogado do Belenenses, agiu com a segurança, não de quem fez bem, mas de quem viu o seu adversário fazer muito mal.

Cruz Vilaça, advogado do Gil Vicente, por muito bom que seja teve imensas dificuldades em explicar (e até nem o fez) as borradas que o seu cliente fez antes de ele entrar neste processo, ou seja, Agosto.

O mais pragmático acabou por ser Gilberto Madail, por quem eu não tenho uma particular simpatia, mas que acabou por ser o mais realista. Enquanto os outros estavam muito ofendidos com o teor da carta que a FIFA remeteu à FPF por considerarem uma ingerência em assuntos internos, e que isso não podia ser, etc., etc., a mensagem implicita que o Presidente da FPF deixou foi que a FIFA esta-se a marimbar para os nossos sentimentos e leis internas. Se isto não for resolvido, não há competições internacionais para ninguém. Por muito que isso possa custar a algumas pessoas esta é a verdade. Não gostamos, só temos de fazer uma coisa: saimos da FIFA e passamos a ter um campeonato nacional e taça de Portugal. Ponto final. Se querem ficar na FIFA acatam as suas regras sem apelo nem agrado. Isto é um mal nacional que se aplica a outros ramos da nossa vida, p.e. União Europeia, na hora de receber estamos todos de braços abertos, quando temos de dar reivindicamos os nossos direitos.

Uma palavra final para Fátima Campos Ferreira: fantástica a forma como dominou o debate e especialmente o Major. Os jornalistas desportivos da nossa praça têm muito a aprender com esta senhora.